Ezra Stoller e a visão apocalíptica da arquitetura

Contemporâneo de Shulman, Stoller nasceu em Chicago em 1915 e cresceu em Nova York onde estudou arquitetura na NYU. Foi na Universidad de Nova Iorque que começou a fotografar modelos e esculturas de seus colegas, e posteriormente edifícios. Em 1938, ele se formou em Design Industrial e trabalhou com o renomado fotógrafo Paul Strand no Office of Emergency Management entre 1940 e 1941.
Frequentemente trabalhava para revistas como Architectural Record, Architectural Forum , Fortune e House Beautiful e empresas de arquitetura, mas também fotografava fábrica e ambientes corporativos
De acordo com o vencedor do Prêmio Pulitzer, o crítico de arquitetura americano Paul Goldberger: As fotos de Stoller estão certamente entre as mais reproduzidas e, por si mesmas, desempenharam um papel importante na formação das percepções do público sobre o que a arquitetura moderna.
Após a Segunda Guerra Mundial, Stoller continuou sua carreira como fotógrafo arquitetônico e fotos industriais como de costume, no entanto, ele ficou mais conhecido por suas imagens de edifícios.
Stoller era capaz de visualizar as aspirações formais e espaciais da arquitetura moderna. Durante sua longa carreira como fotógrafo arquitetônico, Stoller trabalhou em estreita colaboração com muitos dos principais arquitetos do período, incluindo Frank Lloyd Wright, Paul Rudolph, Marcel Breuer, I.M. Pei, Richard Meier e Mies Van Der Rohe. Entre os famosos arquitetos que requisitavam os seus serviços até havia uma brincadeira: Stollerized - nome que deram para a arquitetura fotografada por Stoller.
O Museu Guggenheim, Whitney Museum of American Art, o Terminal TWA do Aeroporto Kennedy, a Capela Ronchamp e muitos outros importantes projetos arquitetônicos modernistas foram capturados por um dos fotógrafos arquitetônicos mais importante e influente de todos os tempos.
Sob uma análise muito particular, arrisco a dizer que Stoller mantinha em muitas fotos uma característica que pode soar ruidosa aos olhos atuais: ele "cortava" objetos deliberadamente. É comum percebermos cadeiras e carros "cortados" fazendo parte da composição. Isso pode parecer estranho, já que muito do trabalho do fotógrafo nessa área é justamente conseguir o enquadramento perfeito, o que exclui a intenção deliberada de cortar objetos da cena.
Ao leitor pode parecer harmônico ver um automóvel de epoca com a sua frente cortada, no entanto, façamos um exercício: Imagine a mesma foto nos dias atuais, mas substitua mentalmente o automóvel por um modelo recente, digamos, um HB20 ou similar. Pode, visualmente, incomodar os olhares puristas, mas não Stoller - lembrando-os de que a foto é sobre a arquitetura do local e não do automóvel.

Outra percepção que salta aos olhos é a atmosfera apocalíptica de algumas fotos, talvez pela dimensão que as obras aparentam em relação a escala humana, muitas vezes utilizada como recurso para enfatizar a grandiosidade da obra. Associa-se isso às publicações em preto e branco e temos um cenário distópico perfeito.
Stoller morreu em Williamstown, Massachusetts, em 2004 e deixou um grande legado para a história da fotografia arquitetônica.







